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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Canção da Plenitude








Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Primeira Vez









Não te quero na cama logo na primeira vez.
Primeiro sorria e me fale bastante de você.
Quero que te saborear aos poucos, devagar. 
Não quero às pressas, vem bem devagarinho.
Quero degustar lentamente cada pétala tua. 
Lamber o teu doce orvalho em forma de suor. 
Não se entregue a mim logo na primeira vez. 
Lembre apenas que sou atalho para o amor. 
Não me revele seus milagres nem segredos. 
Deixe que eu descubra tirando a tua roupa. 
Permita que eu percorra todo teu corpo.
Só depois, quando estiveres pronto pra mim,
Faremos amor todos os dias de nossas vidas, 

Como se fosse, 
A primeira vez.